O Google I/O aconteceu em junho, e as novidades sobre o futuro da busca deixaram o mercado com mais perguntas do que respostas. Vivemos uma era em que a inteligência artificial já não é novidade, e ainda assim ela continua desafiando o que entendemos como “normal”.
Com tantas transformações rápidas, fica difícil identificar com clareza quais mudanças são positivas e quais trazem implicações preocupantes.
No caso específico do Google, as inovações recentes parecem beneficiar principalmente a própria empresa, deixando em segundo plano os negócios que ajudaram a construir a relevância da plataforma ao longo dos anos.
Essa é uma realidade que não pode ser ignorada ao analisarmos os anúncios mais recentes. Isso não quer dizer que o SEO está com os dias contados. Na verdade, acreditamos que ele continuará importante, mas com novas formas e prioridades. O conteúdo original, por exemplo, seguirá sendo indispensável.
Neste artigo, vamos destrinchar as principais novidades do Google I/O com base em informações concretas, evitando emitir muitos julgamentos por enquanto. Afinal, ainda é cedo para prever com precisão os impactos dessas mudanças no cenário do marketing digital.
Outros tópicos apresentados no evento também foram relevantes, mas nosso foco aqui é a evolução da busca.
O que é o Google I/O?
Para entender o contexto, vale explicar rapidamente o que é o Google I/O, especialmente se este for seu primeiro contato com o evento.
O Google I/O é a conferência anual organizada pela empresa, voltada originalmente para desenvolvedores, mas que desperta o interesse de profissionais de tecnologia, marketing e inovação de forma geral. Nele, o Google apresenta as principais atualizações de produtos como Android, Chrome, Google Maps, Photos, Pixel, Wear OS e, claro, o próprio sistema de busca.
A sigla “I/O” representa tanto “input/output” (entrada/saída) quanto “innovation in the open” (inovação aberta), reforçando o espírito colaborativo do evento. A edição de 2025 aconteceu entre maio e junho, na Califórnia, e revelou avanços em quase todas as frentes. Mas o protagonismo absoluto ficou por conta da Inteligência Artificial, mais precisamente, da ampliação do AI Overviews e da introdução do novo AI Mode, impulsionado pelo Gemini.
O papel central da IA no evento
Um dos pontos mais esperados era ver como a IA generativa está transformando a maneira como buscamos informações. E a resposta é clara: essa mudança já começou.
Embora o AI Overviews, sistema que já apresenta respostas diretas em diversos países, não tenha sido exatamente uma novidade no evento, é importante lembrar que ele já vem afetando o desempenho orgânico de sites que dependem de tráfego vindo das buscas.
A grande novidade mesmo foi o AI Mode, uma nova forma de buscar informações no Google, que passa a funcionar como uma aba separada dentro da plataforma. Segundo a apresentação oficial, ele traz recursos como:
- Personalização com base em dados pessoais (como Gmail, Agenda e localização);
- Respostas mais completas e aprofundadas;
- Visualização facilitada de informações;
- Capacidade de lidar com múltiplos formatos simultaneamente (texto, áudio, imagem, vídeo);
- Integração com o Google Shopping, oferecendo uma nova experiência de compra.
Enquanto o AI Overviews servia como uma amostra do que estava por vir, o AI Mode representa uma mudança de paradigma.
AI Mode: uma nova era para as buscas online
Tradicionalmente, o Google utilizava o I/O para anunciar melhorias incrementais na sua página de resultados, como ajustes no algoritmo ou mudanças visuais. Porém, desde que a IA assumiu protagonismo, as atualizações deixaram de ser superficiais.
Nos últimos anos, vimos o lançamento do Gemini e do próprio AI Overviews. Em 2025, a empresa apresentou sua aposta mais ambiciosa até agora: o AI Mode, uma experiência de busca com estrutura própria, interface distinta e propósito claro, entregar respostas diretamente, sem exigir cliques.
A seguir, exploramos os principais pilares dessa transformação:
1. O que é o AI Mode, na prática?
O AI Mode aparece como uma nova aba no Google, com uma interface semelhante à tradicional, mas completamente gerada por IA. O sistema oferece resultados que incluem links, imagens, vídeos, mapas e análises, porém o diferencial está no formato: tudo pode ser resolvido ali mesmo, sem sair da plataforma.
O usuário não precisa mais clicar em diferentes sites para encontrar respostas. Basta perguntar. E o sistema responde de forma contextual, mantendo o histórico da conversa. Por exemplo:
“Estou indo para Los Angeles e não tenho carro. Pode me ajudar com o planejamento?”
O Google mostra rotas de transporte público, mapas, recomendações locais, e assim por diante. E se a próxima pergunta for:
“E se eu alugar um carro?”
A IA continua o raciocínio, mantendo as informações anteriores e aprofundando conforme o diálogo avança.
Isso representa uma disrupção, especialmente para quem depende do tráfego gerado pelas buscas tradicionais.
2. Contexto pessoal: a busca entra na sua vida
Um dos diferenciais do AI Mode é a capacidade de personalizar respostas com base no que o Google já sabe sobre o usuário, desde compromissos no Google Agenda até e-mails no Gmail.
Com permissão, a IA pode cruzar dados para oferecer sugestões mais precisas. Por exemplo:
“Qual o melhor horário para sair rumo ao aeroporto?”
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O sistema cruza informações do voo, trânsito e compromissos do dia para indicar a melhor opção.
Aqui, o buscador se transforma em uma espécie de assistente pessoal inteligente.
3. Respostas profundas com apoio técnico
A tecnologia por trás do AI Mode permite que perguntas complexas sejam desmembradas em várias subquestões. O sistema consulta diversas fontes, organiza os dados e apresenta uma única resposta estruturada, com referências.
Há ainda o recurso “Deep Search”, que entrega análises mais técnicas e completas, com gráficos, comparações e dados contextualizados. Algo que antes exigiria a leitura de múltiplos sites.
4. Interações multimodais: IA que entende tudo ao mesmo tempo
A multimodalidade é um dos recursos mais sofisticados do novo sistema. Agora é possível interagir usando imagem, som, vídeo ou texto em uma mesma busca.
Por exemplo:
- Mostrar um produto na câmera e perguntar onde comprar;
- Apontar um gráfico e pedir explicações com linguagem acessível.
Além disso, a IA monta visualizações claras, como painéis comparativos e tendências, para entregar respostas mais compreensíveis e visuais, tudo sem precisar de cliques adicionais.
5. Integração com o Google Shopping: a experiência de compra também mudou
A jornada de compra agora acontece diretamente dentro do AI Mode. O sistema entende intenções, aplica filtros, considera preferências e até oferece cupons e preenchimento automático de formulários.
Se você buscar por:
“Tênis ideal para corrida de longa distância”
O Google combina seu histórico de navegação com avaliações, marcas favoritas e condições de entrega, e sugere a melhor opção pronta para compra.
Essa integração faz parte do Project Mariner, uma iniciativa para tornar o buscador também um agente transacional.
As controvérsias que o AI Mode está levantando
Apesar dos avanços tecnológicos, o lançamento do AI Mode trouxe questões sensíveis à tona. Entre elas, o impacto no tráfego orgânico, que já vinha caindo com o AI Overviews, agora tende a se acentuar.
Vamos aos principais pontos críticos:
1. Queda acentuada no Tráfego Orgânico
Como o AI Mode entrega respostas completas diretamente no buscador, a necessidade de clicar em links diminui drasticamente. Isso afeta diretamente quem investe em SEO para atrair visitantes, principalmente blogs e portais com conteúdo informacional.
2. O conteúdo usado na IA é coletivo, mas a recompensa não é
A IA do Google foi treinada com dados públicos e licenciados, o que, na prática, inclui boa parte do que está indexado na web. Isso significa que muitos criadores contribuíram para o sistema sem saber, sem serem consultados ou remunerados.
3. A Inteligência Artificial ainda comete erros
Apesar dos avanços, a IA ainda falha e, em temas críticos como saúde ou finanças, esses erros podem ter consequências sérias. O Google até sinaliza a possibilidade de imprecisões, mas isso nem sempre é suficiente para proteger marcas envolvidas em equívocos.
4. Fontes menos visíveis, menos relevantes
Mesmo quando cita as fontes, o AI Mode não as destaca. Os links estão lá, mas com pouco incentivo ao clique, o que desvaloriza os produtores de conteúdo.
5. Privacidade e consentimento em xeque
O uso de informações pessoais levanta discussões legais. Embora o Google exija consentimento, muitos usuários aceitam os termos sem compreender o que estão permitindo, o que pode violar leis como a LGPD (Brasil) ou GDPR (Europa).
6. A busca deixa de ser um guia e passa a ser um filtro
A função da busca está sendo reformulada. Em vez de apresentar várias possibilidades, a IA entrega uma única resposta moldada por seu entendimento sobre o usuário. Isso diminui a autonomia do usuário e aumenta a influência do Google sobre suas escolhas.
Acompanhar as tendências é fundamental para saber como agir muito em breve
O Google I/O 2025 marcou um ponto de inflexão para quem trabalha com marketing digital e conteúdo online.
A integração massiva da IA no sistema de busca muda não apenas o formato das respostas, mas o próprio papel da web como espaço aberto de descoberta e navegação.
Estamos diante de um novo cenário que exige adaptação, análise crítica e, acima de tudo, novas estratégia
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